23 de janeiro de 2022

A3 diariodolitoral.com.br DOMINGO, 23 DE JANEIRO DE 2022 A Quando os portões das escolas públicas e privadas de todo o Brasil se abrirem para o ano letivo de 2022, alunos que iniciam o Ensino Médio este ano irão se depa- rar comuma nova realidade: saem de cena as disciplinas individuais e passam a igu- rar as áreas do conhecimento integradas. Para a coordenadora pe- dagógica do EnsinoMédio do Colégio Franciscano Pio XII, Viviane Direito, a nova con- iguração é uma boa oportu- nidade para fazer do jovem o protagonistade sua formação. “OnovoEnsinoMédiocor- rigeumdos principais proble- mas dessa etapa da educa- ção básica, pois lexibiliza o currículo e não “obriga” os alunos a seguirem o mesmo caminho. O convite para o jo- vem? Não deixar para depois o olhar para si mesmo, para seu crescimento, para seus planos...”, analisa Viviane. OQUEMUDA? Aprovado emuma lei de 2017, o Novo Ensino Médio passa a valer este ano para os alu- nos que ingressam no 1º ano O que esperar do Novo Ensino Médio no Brasil EDUCAÇÃO. Profissionais comemoram as mudanças e esperam Ensino Médio mais próximo da realidade dos alunos André e o filho Hugo, que inicia o 1º ano do Ensino Médio em 2022 Novo Ensino Médio foi aprovado em 2017 e a implementação deve ser concluída só em 2024 ARQUIVO PESSOAL GOVERNO DO ESTADO DE SP do Ensino Médio em escolas públicas e privadas de todo o país. Com as mudanças, em vez deestudarasdisciplinas indivi- duais, agradecurricularpassaa oferecerquatroáreasdeconhe- cimento, a exemplo do que já acontece no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que trabalharão os conteúdos de forma integrada. Osalunos tambémpassam a termaior tempode aula, cer- ca de cinco horas por dia. An- teriormente, a média era de quatrohorasdiárias. Comisso, osnovos ingressantesdoEnsi- noMédiodeverão ter concluí- do 3 mil horas letivas ao im do ciclo, que serão divididas em 60% para os conteúdos essenciais e 40%para os itine- rários formativos, que podem ser descritos como um con- juntodeunidades curriculares a seremofertados conforme a escolhadas instituiçõesdeen- sino e que podemaprofundar os conhecimentos das quatro áreas de conhecimento dos conteúdos essenciais. Outra novidade é o cha- mado Projeto de Vida, que pretende auxiliar os alunos a entenderem suas aspirações. ESCOLHAS Para a coordenadora pedagó- gica do Ensino Médio do Co- légio Humboldt, Talita Mar- cilia, o Projeto de Vida é uma das formas de diminuir o que algumas pessoas estão cha- mando de antecipação de de- cisão da carreira. “As re lexões sobre o que cada aluno e aluna é e o que quer ganham espaço e isso ajuda a re letir se as matérias escolhidasdos itinerários con- versam ou não com um pro- jeto pessoal maior”, observa. Pai de um aluno do Colé- gio Humboldt, o economista AndréRocha, de 53 anos, acre- ditaque fazer a escolhano iní- cio do Ensino Médio, ao con- trário do que muitos dizem, acaba ajudando a diminuir frustrações futuras. “O novo ensinomédio dámaior liber- dade e responsabilidade ao aluno para a de inição de seu futuro pro issional. Ao con- trário do modelo antigo, ele exige uma de inição do alu- no mais cedo, logo no 1º ano do EnsinoMédio. Isso permi- te que o aluno faça alterações de ênfase acadêmica casonão ique satisfeito coma escolha feita. Anteriormente, como essa escolha era realizada no último ano, durante a de ini- ção para o vestibular, qual- quer erro só poderia ser cor- rigido jánoEnsinoSuperior, o quegeravaumcusto inancei- ro e emocionalmaior”, diz ele. André conta ainda que em sua casa, o ilho Hugo, de 15 anos, conseguiu escolher de forma tranquila os itinerários formativos. “Hugo fez a es- colha inicial. Posteriormen- te, elememostrou as suas es- colhas e discutimos, levando em conta suas aptidões, inte- resses e possibilidades futu- ras no aspecto pro issional e ganhos em cidadania. Após esse debate, a decisão inal coube a ele.” SEMPRESSÃO Assim como foi na casa de Hugo, oprofessorRogérioTog- netti, coordenador do Ensino Médio do Colégio Presbiteria- no Mackenzie orienta os pais que a escolha dos itinerários formativosocorrasempressão. Em 2022, apenas os alunos que ingressam no 1º ano do Ensino Médio estarão sujei- tos às mudanças, que será concluída no ano de 2024. Entre 2022 e 2024, haverá um monitora- mento da implemen- tação dos referenciais curriculares e da formação continuada aos profissionais da educação. Calendário Veja quando ocorrerão as mudanças A Disciplinas Até 2022, os alunos cursa- vam as disciplinas de forma individual. Eram elas: mate- mática, língua portuguesa, língua inglesa, educação física, artes, sociologia, história, geografia, filosofia, química, física e biologia. Agora elas serão oferecidas em áreas do conhecimen- to: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (filoso- fia, geografia, história e sociologia), Linguagens e suas Tecnologias (Artes, Educação Física, Língua Inglesa e Língua Portugue- sa), Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Biologia, Física e Química) e Mate- mática e suas Tecnologias (Matemática). Antes e depois As licenciaturas não formaram pro issionais para essa nova realidade. Assim, as redes devem providenciar formação o quanto antes * Rogério Tognetti, coordenador do Ensino Médio do Colégio Presbiteriano Mackenzie Formação dos professores O novo Ensino Médio lexibiliza o currículo. O convite para o jovem? Não deixar para depois o olhar para seu crescimento e planos *Viviane Direito, coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Franciscano Pio XII Olhar para si “O Novo Ensino Médio traz a possibilidade de os alunos experimentarem vá- rios itinerários formativos, compostos por diferentes trilhas de aprofundamento, oportunizando aos alunos a migração de uma trilha para outra. Deste modo, os pais não devem pressionar os alunos logo nos primei- ros meses, a cobrança deve estar relacionada a dedica- ção, cumprimentos dos es- tudos e tarefas, mas dar tem- po para que o adolescente tenha a certeza de que fez a escolha correta. Essa ex- perimentação que ajudará na escolha mais assertiva de uma carreira, minimizando a troca de cursos no Ensino Superior”, observa ele. DESAFIO De modo geral, os pro issio- nais ouvidos pela Gazeta ava- liamoNovo EnsinoMédio de forma positiva, com ganhos reais paraos jovens. Odesa io, contudo, dizem: está na for- mação dos professores. “O único contra que vejo, está relacionado com a for- mação dos educadores, uma vez que os cursos de licen- ciatura não formaram pro- issionais com as caracterís- ticas necessárias para essa nova realidade. Sendo assim, é necessário que as redes de ensino providenciem forma- ções adequadas o mais rapi- damente possível”, inaliza Rogério. ( Gladys Magalhães ) Brasil

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