10 de agosto de 2020

B4 diariodolitoral.com.br SEGUNDA-FEIRA, 10 DE AGOSTO DE 2020 A A expressão “dar uma força” faz bastante sentido para uma terapia contra o coronavírus. O plasma san- guíneo de pessoas que se recuperaram da Covid-19 está sendo utilizado em um tratamento experimental. Esse plasma tem os anticor- pos que vão ajudar o siste- ma imunológico dos doen- tes internados a combater o coronavírus. Mas, o que é o plasma? “O sangue tem as células de defesa, que são os glóbu- los brancos, tem os glóbulos vermelhos, e a parte líquida é o plasma, com as proteínas e anticorpos, cuja inalidade é defender contra infecções”, explica a médica hematolol- gista Carolina Bub, do banco de sangue do hospital Albert Einstein, umadas instituições que fazem parte deste estu- do. Há duas pesquisas eman- damento: uma que avalia a segurança deste tratamento, feita pelo Einstein e o hospi- tal Sírio-Libanês, e outra, que estuda sua e iciência, realiza- da por estes hospitais e a USP de São Paulo, Ribeirão Preto e a Unicamp. Esse tratamento não é uma novidade: ele já foi usa- donadécadade 1930para tra- tamento de outras doenças causadas por vírus, como o sarampo e a catapora. Como os anticorpos icam no plas- ma, nada mais justo que uti- lizá-lo para dar uma forcinha no tratamento de doentes graves. O estudo só deve ser inalizado depois que os pes- quisadores analisarem os resultados de 60 pacientes da primeira pesquisa e 120 da segunda – e não são to- dos os doentes que podem participar. “A pessoa tem que ter um parâmetro de necessidade de Uma força para a imunidade UMAMÃOZINHA. A infusão de plasma sanguíneo de pessoas que já tiveram a Covid-19 é uma das terapias em estudo para ajudar a recuperação de quem está na fase crítica da doença Por Vanessa Zampronho ESPECIAL PARA O DIÁRIO anexo@gazetasp.com.br RAIO-X DO SANGUE Aos olhos, o sangue é vermelho, mas ele é muito mais do que isso. No fundo, a maior parte dele é composta por água. Os 10% restantes são glóbulos vermelhos, brancos, plaquetas e demais compostos, como os anticorpos, que ajudam na defesa do corpo. PLASMA. Além da água, tem proteínas, anticorpos, vitaminas, gases, aminoácidos e hormônios; oxigênio. Nos exames, se ela apresenta um grau de de i- ciência de oxigênio, signi ica que o pulmão está compro- metido, epode ser incluídano estudo”, explica Bub. Depois de aprovado, é examinado o tipo sanguíneo (pode ser A, B, AB ou O) do paciente, e o plasma do doador é avaliado para fazer o teste de compati- bilidade como paciente, para evitar alergias. Além disso, o tratamen- to com plasma já é uma ro- tina dos bancos de sangue. “Tenho alguns pacientes que precisam tomar plasma com frequência. Se esse tratamen- to realmente for e icaz contra a Covid-19, enxergamos que seja algo acessível para que os bancos de sangue produ- zam”, conta. Mas é algo que não pode ser reproduzido em larga escala, até porque nem todomundo que teve a doen- ça pode doar seu plasma para fazer parte do estudo. “Tem que estar em boa condição de saúde. Além dis- so, o doador não deve ter tido nenhumsintomadaCovid-19 por pelomenos 14dias depois da alta médica. No Einstein, o paciente deve apresentar o resultado do feito o exame RT-PCR (o que é feito comcoleta dema- terial donariz e garganta) que ateste que ela teve a doen- ça para participar”, explica. A médica conta que os doa- dores são os que tiveram a doença no graumais leve e se trataramemcasa, mas houve um caso especial. “Tivemos um paciente que icou internado, precisou icar comoxigênio, e mesmo assim ele fez questão de doar o plasma. Enxergamosmuita gratidão pela oportunidade de querer participar, acreditar que de alguma maneira es- tão fazendo parte da busca de uma alternativa terapêutica”. Se você teve Covid-19 e quer ajudar, entre em con- tato com o Einstein através dp telefone (11) 2151-0457 ou no e-mail bsangue@einstein. br, para receber orientações e participar de uma triagem. Enxergamos muita gratidão pela oportunidade de querer participar, acreditar que de alguma maneira estão fazendo parte da busca de uma alternativa terapêutica”. Tem que estar em boa condição de saúde. Além disso, o doador não deve ter tido nenhum sintoma da Covid-19 por pelo menos 14 dias depois da alta médica. * Carolina Bub, hematologista do banco de sangue do Einstein * Carolina Bub, hematologista do banco de sangue do Einstein Vontade de ajudar o próximo Saúde precisa estar 100% Vacinas são compostas por vírus ou bactérias inativa- dos (ou parte deles), que são inoculados no organis- mo, para que ele desen- volva anticorpos contra a doença. Assim, quando o corpo for, de fato, exposto a estes agentes infecciosos, ele saberá como agir. Essa é a imunização ativa. Já a terapia com plasma de pessoas recuperadas da Covid-19 trabalha de outra forma, fornecendo anti- corpos para pacientes com a forma grave da doen- ça, cuja imunidade está debilitada. É a imunização passiva, quando a pessoa recebe os anticorpos que vão reforçar as defesas do organismo – e ajudar na recuperação. Imunização ativa x passiva DEFENDENDOO CORPO GLÓBULOS BRANCOS. São células de defesa do organismo; PLAQUETAS. Responsáveis pela coagulação do sangue; GLÓBULOS VERMELHOS. Transportam oxigênio para as células;

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