2 de agosto de 2020

A5 diariodolitoral.com.br DOMINGO, 2 DE AGOSTO DE 2020 A As eleições municipais de 2020 sofrerão alterações iné- ditas devido à crise sanitária, principalmentenocalendário, nas campanhas e no compor- tamento do eleitor na hora de decidir quemvai gerir as cida- des no pós-pandemia. A primeira mudança de impactofoi emrelaçãoà trans- ferência do primeiro turno para 15 de novembro e a do segundo para 29 de novem- bro. A campanha eleitoral se iniciará em 26 de setembro, quando os candidatos pode- rão passar a pedir votos. É improvável, porém, que esse convencimento pela pre- ferência do povo produza as cenas clássicas do candidato em feiras públicas abraçan- do correligionários, beijando crianças e comendo pastel ao mesmo tempo. “O forte da ação política i- cou focadonas redes sociais. O candidato que não conseguir trabalhar estratégia de divul- Sem pastel e abraços, candidatos focarão nas redes sociais ELEIÇÕES 2020. Coma crise sanitária provocada pelo novo coronavírus, os candidatos precisarão dar atenção ainda maior à tecnologia para conquistar o voto dos eleitores gaçãoeconteúdonas redes so- ciais vai perder terreno” , ana- lisa o publicitário João Miras, estrategistademarketingpolí- ticoeleitoral háquase40anos. Segundo ele, a pandemia não vai mudar somente o ca- lendário e a forma de fazer campanha, mas o compor- tamento do eleitor. “O senti- mento do eleitor é de abso- luto repúdio à classe política. Esse sentimento já existe des- de a brutal crise econômica gestada pelo governo Dilma Roussef, do PT, e se acentua agora com a insensibilidade quase absoluta dos políticos que administrarammal esses isolamentos e politizaram o trauma que vai trazer conse- quências imprevisíveis para o processosocial”, explicaMiras. Em sua análise, há uma percepção da população de que as medidas restritivas de- sembocaram numa perda de empregoe renda. Paraopubli- citário, esse movimento favo- rece a estratégiadopresidente Jair Bolsonaro (sempartido) – e, consequentemente, aquem ele apoiar nas cidades – e, no casopaulista, prejudicaos can- didatos apoiados pelo gover- nador João Doria (PSDB). “O governador Doria está associado aos lockdowns e fechamento do comércio no imagináriopopular, e issoestá comprometendoa imagemde seugoverno. OgovernodoEs- tado comunica muito mal e estáperdendoabatalhada co- municação”. Na sua avaliação, “se Bolsonaro acertar a mão, pode até fazer o prefeito de São Paulo”. Na Capital, porém, anali- sa Miras, o prefeito Bruno Co- vas (PSDB) não deve ser tão prejudicado por ter “luz pró- pria e trajetória política mui- to bem construída, com atri- butospessoais, inclusive,mais destacados que os atributos administrativos”. De acordo com apuração da Gazeta , os pré-candidatos na cidade de São Paulo deve- rão ser Bruno Covas (PSDB), Guilherme Boulos (Psol), Jil- mar Tatto (PT), José Luiz Date- na ou Paulo Skaf (MDB), Celso Russomano (Republicanos), Joice Hasselmann (PSL), Filipe Sabará (Novo), Andrea Mata- razzo (PSD), Arthur doVal (Pa- triota), Orlando Silva (PCdoB), Marta Suplicy (Solidariedade) e Márcio França (PSB). (Bruno Hoffmann) MUDANÇAS NA CAMPANHA 2020 Primeiro turno: 15 de novembro Segundo turno: 29 de novembro O projeto de lei das fake news, aprovado no Se- nado e em discussão na Câmara Federal, não tem mais a parte relacionada às eleições, tirada em cima da hora para garantir a sua aprovação. Com isso, ficou de fora, por exemplo, o pagamento de multa de até R$ 1 milhão a candi- datos que se beneficiarem com propaganda com conteúdo manipulado para atacar os adversários. Há um temor de especialistas que a campanha deste ano repita as denúncias surgidas em 2018. “Como não vamos ter campanha física, todo mundo vai meio que jogar as cartas na cam- panha digital. Então, esses problemas que já existem podem ser agravados”, diz Pablo Ortellado, professor de Gestão de Políticas Públicas da USP, à “BBC”. Ele lembra, porém, que as próprias redes sociais estão criando meios para ameni- zar as fake news. “Mas não sei se serão suficientes”, afirma. pode repetir FAKE NEWS SEMNECESSIDADE DE BIOMETRIA Horário de votação: das 8h às 20h (ainda em avaliação) Apandemia não vaimudar só o calendário e a forma de fazer campanha,mas o comportamento do eleitor: ‘O sentimento é de absoluto repúdio’, diz analista

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