26 de março de 2020

A6 diariodolitoral.com.br Quinta-feira, 26 DE março DE 2020 Brasil + Mundo AA Um dia após pronuncia- mento de Bolsonaro sobre o novo coronavírus deixar au- toridades da saúde e gesto- res de estados e municípios perplexos, oministro da Saú- de, Luiz Henrique Mandetta, participou de uma reunião na manhã desta quarta-fei- ra com o presidente minis- tro e governadores do Sudes- te. No encontro, Mandetta pediu calma e equilíbrio aos governadores, mas não che- gou a endossar o discurso do presidente, segundo pessoas presentes. Em seu pronunciamen- to, na noite de terça-feira, Jair Bolsonaro afirmou que co- braria do Ministério da Saú- de regras mais brandas sobre isolamento contra a Covid-19, que se restringiriam apenas Mandetta pede calma e equilíbrio COVID-19. Ministro da Saúde pediu calma e equilíbrio aos governadores, mas não chegou a endossar o discurso do presidente Ministro de Estado da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante videoconferência comgovernadores MARCOS CORRÊA/PR a grupos de risco -- idosos e pessoas com doenças crôni- cas. Alémdisso, voltou a afir- mar que o novo coronavírus é um ‘gripezinha’. Para aliados do ministro, ele não deve pedir demissão. A estratégia de Mandetta deve ser “sair pela tangente”, tentando apresentar dados sobre locais quedesistiramde medidas mais flexíveis para conter a crise, como o Reino Unido. Oministro, no entan- to, já teria demonstrado can- saçopela queda de braço com Bolsonaro. Primo deMandet- ta, o deputado federal Fabio Trad (PSD-MS) defendeu que o ministro mantenha o dis- curso, mesmo que lhe custe a demissão do governo. “Ele fez um juramento ao se for- mar, pela ciência e não pela politicagem. EntreHipócrates e Bolsonaro, pela integridade intelectual de Mandetta, tem de ficar comHipócrates”, afir- mou o deputado ao Estadão/ Broadcast Segundo fontes da linha de frente de discussões sobre combate à covid-19 no gover- no, há grande preocupação sobre o impacto econômico demedidasmais restritivas, o que levou Bolsonaro a pensar emalternativasmenos duras. Ainda assim, tambémé reco- nhecido no Palácio do Pla- nalto que a saída de Mandet- ta geraria uma crise na hora errada. “Não se tira o general durante uma batalha”, disse um integrante do governo. Por ora, a leitura é de que mesmo se o governo adotar o “isolamento vertical”, amedi- da temde ser posta commui- to cuidado e forte estratégia de comunicação. CAIADO. Aliadode primeira viagemdo presidente, o governador de Goiás, RonaldoCaiado (DEM), disse nesta quarta-feira, 25, que as decisões de Bolsoan- ro não vão “alcançar” seu Es- tado. “Quero deixar claro a to- dos os senhores e senhoras, a todo o meu povo goiano, com muita tranquilidade, mas com autoridade de go- vernador e com o juramento demédico, que não abromão dele, que as decisões do pre- sidente da República no que diz respeito a área de Saúde e o coronavírus não alcança o estado de Goiás. As decisões de Goiás serão tomadas por mim e por decisões lavradas pelaOrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) e pelo corpo téc- nico doMinistério da Saúde.” (GSP e EC) Bolsonaro afirmou que cobraria do Ministério da Saúde regras mais brandas sobre isolamento AA A Itália foi a principal ori- gem dos primeiros viajantes infectados pelo novo corona- vírus, a Covid-19, que chega- ram ao Brasil entre fevereiro e início de março. De acordo com as estimativas de uma pesquisa realizada por brasi- leiros, em colaboração com colegas do Reino Unido, Ca- nadá e Estados Unidos, 54,8% de todos os casos importa- dos da Covid-19 para o País até o dia 5 demarço foramde viajantes infectados na Itá- lia, seguidos por passageiros vindos da China (9,3%) e da França (8,3%). Segundo o estudo, apoia- 54% dos casos importados da Covid-19 vieram da Itália Cruz Vermelha Italiana trabalha nos aeroportos para monitorar passageiros com sintomas CROCE ROSSA ITALIANA/ FOTOS PÚBLICAS do pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Esta- do de São Paulo) no âmbito do Centro Conjunto Brasil- -Reino Unido para Descober- ta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), ao contrário da Chi- na e de outros países, onde o surto avançou devagar, no Brasil mais de 300 pessoas começaram a epidemia, em sua maioria vindas da Itália. Com o maior número de casos de coronavírus confir- mados no País, São Paulo foi o principal destino desses passageiros vindos do país europeu. A capital paulis- Maioria dos casos importados de coronavírus para o Brasil veio da Itália entre fevereiro e início de março, segundo estudo ta foi a primeira, inclusive, a registrar casos da doença no Brasil. O estudo mostra tambémque a rota Itália-São Paulo representou 24,9% do total de viajantes infectados que chegaram por aqui até o início deste mês. Além de São Paulo, os tu- ristas infectados tambémse- guiram para Rio de Janeiro, PortoAlegre, Salvador, Curiti- ba, BeloHorizonte, Fortaleza, Recife, Vitória e Florianópolis –, deflagrando a epidemia da Covid-19 no País. O resultado do estudo foi publicado em um artigo no Journal of Travel Medicine. MORTES. O número de mortos pela pandemia de coronavírus na Itália aumentou em743, para 6.820, disse o chefe da Agên- cia de Proteção Civil do país nessa terça-feira (24). A região norte da Lom- bardia, a mais atingida, per- maneceu em situação crí- tica, com um total de 4.178 mortes e 30.703 caso. As informações são da agên- cia de notícias Reuters. (GSP) AA A ONU (Organização das NaçõesUnidas) anunciounes- taquarta-feiraumplanodeaté US$ 2 bilhões (R$ 10,1 bilhões), para conter a pandemia do co- ronavírus em países mais po- bres do mundo. Ao lançar a doação, o secretário-geral da ONU, oportuguêsAntónioGu- terres, disse que a pandemia “está ameaçando toda a hu- manidade”.Oplanoanunciado porGuterresvai atédezembro. O secretário alertou que a Covid-19 está chegando países onde já existem crises huma- nitáriascausadasporconflitos, desastres naturais e pela mu- dança climática, onde os ha- bitantes, obrigados a fugir por contadebombas, violênciaou inundações, “vivemsobcober- turas de plástico ou amontoa- das em campos de refugiados ou assentamentos informais”. Guterres ainda ressaltou que ONU lança plano de US$ 2 bi para enfrentar pandemia O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, disse que a pandemia “está ameaçando toda a humanidade” UN PHOTO/JEAN MARC FERR “essas pessoas não possuem uma casa emque possampra- ticar o isolamento social” e “lhes falta água limpa e sabão para realizar a ação mais bási- ca de proteção pessoal contra o vírus: lavar as mãos. Segun- do a ONU, o objetivo do Plano MundialdeRespostaHumani- tária à Covid-19 é responder às necessidadesdaspessoasmais vulneráveis. (GSPeFP) AA O presidente Jair Bolsona- ro (sem partido) publicou na tarde desta quarta-feira (25) no Diário Oficial uma MP (medida provisória) liberan- do R$ 3,4 bilhões de crédito extraordinário para osminis- térios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, das Relações Exteriores, da Defesa e da Cidadania. Amaior parte da verba, R$ 3 bilhões, vai para os progra- mas controlados pela Cida- dania e vai alimentar o caixa de programas sociais como o Bolsa Família. Na segunda-feira (23), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Au- rélio Mello proibiu cortes no programa Bolsa Famíliana re- gião Nordeste. A decisão, de caráter limi- nar (provisória), atendeu um pedido dos governos de Bah- MP libera R$ 3,4 bilhões e reforça o Bolsa Família ia, Ceará, Maranhão, Paraí- ba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. Na primeira reunião do FórumdeGovernadores após o duelo entre João Doria (PS- DB-SP) e o presidente Jair Bol- sonaro (sem partido) acerca da condução da crise do co- ronavírus, os chefes estaduais concordaram que é preciso manter políticas restitivas para evitar a propagação do patógeno. Eles também pediram a suspensão por 12 meses do pagamento das dívidas de- les com a União. São Paulo e Bahia já obtiveram decisões no Supremo para não pagar por 6 meses, desde que apli- quem os valores no combate à pandemia. Participaramdo encontro por videoconferência de duas horas e meia centrada no Pa- lácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, 26 dos 27 governadores –apenas Iba- neis Rocha (MDB-DF) não es- tava presente. Na carta final do encon- tro, que buscou ser proposi- tivo e evitar críticas exacerba- das a Bolsonaro, recomenda a aprovação de um projeto urgente de renda mínima e a viabilizaçãode recursos livres da União. Quer a redução da meta de superávit fiscal, que hoje na verdade é um déficit permitido de até R$ 124,1 bi- lhões em 2020. Tambémpedeaaprovação no Congresso do chamado Plano Mansueto, elaborado pelo secretário do Tesouro, MansuetoAlmeida, queprevê acesso de estados e municí- pios a empréstimos da União tendocomogarantiapromes- sa de ajuste fiscal. (FP)

RkJQdWJsaXNoZXIy NTg0OTkw